domingo, 24 de maio de 2009

Sociedade: Desafios atuais

Anorexia
A mídia, sem dúvida, é responsável por boa parte da tirania que o ideal do corpo esquelético exerce nas pessoas.
Para constatação dessa influência massacrante, basta verificar o grande número de revistas e periódicos, sites e programas de televisão dedicados ao culto do corpo e dos cuidados corporais. Publicações do tipo Saúde Total, Forma Ideal, Dieta Plena, etc (nomes fictícios sugestivos) multiplicam-se a cada dia.
As pessoas passam a valer o inverso de seus pesos. Não se lê com a mesma proporção com que se malha. O prazer da comida, do sorvete, do brigadeiro se contrapõe à culpa das calorias... Depois de um jantar delicioso, experimenta-se tremenda ressaca moral.
Com tudo isso, outros valores fundamentais para o desenvolvimento da personalidade humana podem estar sendo esquecidos. O ser humano moderno corre o risco de ter sua existência estreitamente limitada aos limites de seu próprio corpo. Não se transcende mais a corporeidade através da reflexão, abstração e outras atividades meditativas
O termo Anorexia pode não ser de todo correto, tendo em vista que não há uma verdadeira perda do apetite mas sim, uma recusa em se alimentar.
A Anorexia Nervosa é então, um transtorno alimentar caracterizado por limitação da ingestão de alimentos, devido à obsessão de magreza e o medo mórbido de ganhar peso.
Na Anorexia Nervosa os pacientes podem empregar uma ampla variedade de técnicas para estimar seu peso, incluindo pesagens excessivas, medições obsessivas de partes do corpo e uso persistente de um espelho para a verificação das áreas percebidas como "gordas".
A auto-estima dos pacientes com Anorexia Nervosa depende obsessivamente de sua forma e peso corporais. A perda de peso é vista como uma conquista notável e como um sinal de extraordinária disciplina pessoal, ao passo que o ganho de peso é percebido como um inaceitável fracasso do autocontrole. Embora alguns pacientes com este transtorno possam reconhecer que estão magros, eles tipicamente negam as sérias implicações de seu estado de desnutrição.
Um estranho comportamento em relação à comida pode ser exibido por alguns desses pacientes. Eles costumam esconder comidas pelos armários, banheiros, dentro de roupas ou podem preparar pratos extremamente elaborados para amigos ou familiares. Ou ainda, podem procurar empregos como garçonetes, cozinheiros ou simplesmente colecionar receitas e artigos sobre comida. A preocupação crescente com alimentos corre juntamente com a diminuição no consumo. Assim, intensifica o medo de ceder ao impulso de comer e aumentam as proibições contra ela. Padrões de pensamento pré-mórbidos assumem um novo significado, um estilo de raciocínio de tudo-ou-nada leva a conclusão de que um grama de peso ganho significa uma transição de normal para gordo.





sábado, 9 de maio de 2009

Texto 3 - Pedagogia da Geografia

GEOGRAFIA CRÍTICA E CONSTRUTIVISMO:
UM CASAMENTO “SEM FESTA”.

Nos anos 60 e durante todos os anos 70, os geógrafos mostravam-se bastante insatisfeitos com o método analítico – dedutivo utilizado nos seus trabalhos e na compreensão do mundo. Mas por que essa insatisfação?
Devemos procurar resposta na realidade daquele momento, pois a mudança de visão de mundo não se dá do indivíduo para o mundo, mas do mundo para o indivíduo. “Em verdade, não é a nossa visão de mundo que mudou; o que mudou foi o próprio mundo”. A angústia dos geógrafos e dos professores de Geografia estava nesse ponto, ou seja, esses viam o mundo se transformando e, ao mesmo tempo, não conseguiam alcançá-lo com o referencial teórico – metodológico ao qual a disciplina estava presa – o positivismo.
A necessidade de uma explicação que considerasse a totalidade mundo e a transformação da sociedade fez com que a Geografia buscasse no método materialismo histórico as suas fundamentações, pois este foi o método que permitiu que se utilizasse de ferramentas metodológicas como a periodização para a explicação da realidade.
Para Hobsbawm (1998), no materialismo histórico o ponto de partida para a análise de uma sociedade, em qualquer momento de seu desenvolvimento histórico, deve ser o modo de produção, ou seja, a forma técnico – econômica do metabolismo entre o homem e a natureza, o modo pelo qual o homem se adapta à natureza e a transforma pelo trabalho. O pesquisador deve, também, incorporar em sua análise os arranjos sociais pelos quais o trabalho é mobilizado, destruído e aloucado.
A utilização do modo de produção, conforme aponta Gomes (2000), surgiu para a Geografia como o conceito que possibilitou afastar de vez o método positivista analítico – dedutivo, afastando, também, toda carga de neutralidade científica que ele carregava.
O centro de preocupação da Geografia Crítica passa a ser as relações entre a sociedade, o trabalho e a natureza na produção do espaço, exigindo, dessa forma, a negação dos velhos pressupostos da Geografia Tradicional.
O ensino de Geografia encontrava, finalmente, com a maturidade metodológica da disciplina, as bases para a sua negação e transformação. Para Versentini (1992a: 22), a Geografia Crítica ou radical aparece.
Sob a luz da Geografia Crítica é possível que realmente se possa desenvolver um ensino que favoreça o entendimento real e concreto da ação humana através da relação espaço-tempo – e de suas múltiplas relações e determinações, procurando compreender o movimento da sociedade sobre o espaço ao longo do tempo, o que poderá ocorrer através de uma visão de totalidade, e não fragmentada, descritiva e superficial da sociedade.
Para que os ideais da Geografia Crítica tenham sucesso na escola, precisamos romper com a estaticidade, a fragmentação e a neutralidade da Educação Tradicional. O aluno precisa ser inserido na Educação não como uma “tábua rasa” ou como um elemento que simplesmente reage a estímulos vindos de fora.
O referencial teórico-metodológico do professor é extremamente importante, pois é ele que vai conduzir toda a sua prática pedagógica. Se o seu referencial for positivista, como poderá romper com a prática tradicional?
A Geografia Crítica e o Construtivismo não estão ultrapassados. Na verdade, poucas foram as suas experiências reais, o que nos permite dizer que ainda tem muito a fazer e a desvendar. Historicamente, as condições para o casamento da Geografia Crítica com o Construtivismo já foram dadas. O que ainda não aconteceu foi a sua festa. Esse é o nosso desafio.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

SOCIEDADE: ADOLESCÊNCIA E SEXO

Há tempos esse tema, tido como tabu, vem sendo superando pela sociedade moderna. O sexo não é mais visto como algo sagrado, que deve ser feito somente com o cônjuge. Ao contrário, hoje ele é praticado de forma mais liberal e cada vez mais cedo. Aqui veremos como o jovem atual lida com esse tema.

Uma das grandes preocupações dos pais através dos tempos sempre foi a vida sexual dos filhos. Está não é, como muitos afirmam uma preocupação moderna. É uma coisa que preocupou os pais desde sempre. Só que até algumas décadas esse assunto era resolvido com uma grande dose de repressão e mantendo as crianças e os jovens no desconhecimento, na ignorância, por vezes total, sobre o assunto.
Os pais não conversam com os filhos, os quais tratavam de se informar do modo que conseguiam: lendo escondidos livros e revistas que encontravam, conversando com amigos, irmãos mais velhos etc. Uma vasta rede de informações, muitas vezes com dados incorretos e fantasiosos, sempre funcionou no sentido de suprir essa necessidade básica.
Hoje, as coisas caminham de forma diferente. Embora nem todos os pais consigam ainda conversar sobre sexo com os filhos, já aumentou bastante o número dos que se sentem à vontade para esclarecê-los e orientá-los.
Há basicamente dois tipos de pais: os que conversam sobre tudo com os filhos abrem o jogo e sentem-se confortáveis ao abordarem assuntos como sexo, aborto, homossexualidade, gravidez, e aqueles que, ou por não se sentirem bem ou por não acharem conveniente, consideram esses tópicos fora de questão, não havendo, portanto nenhum tipo de diálogo sobre isso. Entre esses dois, temos intermediários. Alguns falam através de metáforas, outros conseguem abordar apenas alguns aspectos, setindo-se intimidados ou despreparados para a conversa franca sobre alguns outros temas.
O ideal seria que todos os pais tivessem liberdade consigo próprio para poderem transmitir essas informações fundamentais aos filhos, mas, quando não é o caso, melhor é reconhecer isso e buscar outras soluções. Nada pior do que falar algo que não se sabe ou que se aborda timidamente ou de forma exagerada, passando ao interlocutor seus próprios temores. Dar aos filhos bons livros e artigos sobre o tema é uma forma interessante de contornar essa timidez, desde que isso seja feito na hora em que a criança ou o jovem demonstram interesse no assunto, e não uma obrigação ou uma aula de didática ou de geografia.
Tem gente que acha perigoso conversar porque acredita que isso poderia despertar o adolescente precocemente e levá-lo a iniciar sua vida sexual mais cedo. Esse medo, em geral, existe também em relação às drogas. Entretanto, vários estudos vêm mostrando que o saber não leva as decisões impensadas; ao contrário. Uma pesquisa recente em escolas que tinham em seu currículo aulas sobre educação sexual, na Inglaterra, verificou que seus alunos não tiveram iniciação sexual mais precoce do que os outros. Ao contrário, nessas escolas, a iniciação do jovem ocorria mais tarde. Na verdade, é muito mais provável que uma adolescente despreparada engravide, por exemplo, do que as suficientemente informadas sobre contracepção. No Brasil, o número de nascimentos por ano de crianças filhas de adolescentes é de um milhão. Já pensaram? Um milhão de bebês a cada ano, filhos de jovens que mal saíram da infância? Será que elas estavam bem informadas se isso ocorreria? A opção por iniciar a vida sexual também pode estar, em alguns casos, ligada à curiosidade. Muitas Jovens tiveram sua primeira relação sexual só para ver como é. Talvez, se tivessem acesso a informações uma parte de sua curiosidade estivesse satisfeita. Talvez muitos mitos ainda existentes sobre sexualidades também já tivessem se desfeito, se não houvesse tanta desinformação. Por incrível que pareça, ainda é grande o número de pessoas que acredita que uma vez só não engravida, ou que sem penetração a gravidez não é possível, ou ainda que masturbação dê espinha ou pêlos etc.
É muito importante que entendamos, como pais modernos e interessados no bem estar de nosso filhos, que a adolescência é exatamente o momento em que há o despertar natural pelo sexo. É dádiva, é da idade. Os hormônios estão a mil, a pele está elétrica, a beleza da idade atrai. É muito importante, portanto, conversar muito e esclarecer – para diminuir os ricos.
Temos que considerar também outro fenômeno interessante que ocorre hoje. Alguns pais querem conversar, e são os filhos que não querem falar sobre isso com eles. Se isso ocorrer, não é caso para o desespero, nem carece ficar imaginando ou interpretando o porquê. Ou então são mais introspectivos, ficam pouco à vontade com os pais para abordar tais assuntos. O que fazer nesses casos? Dar um ou dois bons livros sobre o assunto (mesmo que eles digam que não querem), como foi dito antes, é uma boa opção. A outra é se colocar à disposição para quaisquer momentos em que eles precisem da gente (pais). É isso. Demonstrar disponibilidade, estar acessível, de modo a que eles sintam isso de uma forma concreta e muito real.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Sociedade: Pais, Filhos e Drogas.

As drogas são um mal que nos envolve a cada dia. Porém, nem sempre podemos dizer que o envolvimento dos jovens com as drogas se deve as más companhias ou o descuido dos pais. Aqui teremos uma noção mais ampla do por que os jovens ingressam nesse mundo, que muitas vezes não tem volta.
Estudos apresentam algumas características comuns encontradas em famílias de indivíduos dependentes de álcool e outras drogas: dependência de drogas em múltiplas gerações; perda parental pelo divórcio, morte, abandono, encarceramento; superproteção ou excesso de controle geralmente da mãe (simbiose), pai distante, ausente ou para engajado, frio; filho desafiador, engajado com companheiros, mas que permanece até a idade adulta dependente dos pais. É importante salientar que essas características são comuns, o que significa que não são absolutas ou a regra determinante.
Os pais, ao descobrirem que um filho ou filha adolescente consome determinada droga ilícita, sentem-se profundamente culpados. Questionam a si mesmos: "Onde erramos?" Contudo, essa culpa ou esse questionamento não aparece quando se trata de uma droga lícita, como por exemplo, o álcool. O álcool, como todas as outras drogas legalizadas (tabaco, anorexígenos, tranqüilizantes, anabolizantes), possui o mesmo poder de atração das drogas ilícitas, mas não possui a mesma força de censura.
Muitos pais são inadvertidamente levados à falsa percepção, engendrada pela ideologia do consumo, de que para ser bons pais devem dar tudo materialmente aos filhos, às vezes à custa de muitos sacrifícios. Mesmo dando materialmente tudo aos filhos, as questões mais interiores do crescimento pessoal são deixadas num segundo plano. Há uma inversão de valores que somente é percebida quando aflora um problema como o de dependência de drogas, gravidez na adolescência ou envolvimento em condutas anti-sociais. Os pais nem sempre são culpados por darem de tudo materialmente aos filhos. Observa-se que pais de poucos recursos materiais também sentem culpa por não poder dar de tudo ou dar o melhor materialmente aos filhos. Apenas são ludibriados pela ideologia consumista e não conseguem compreender que são peças desse jogo ideológico.
Já observamos famílias constituídas por pais e quatro filhos na qual apenas um dos filhos tem problema devido ao uso de droga, onde os demais estão caminhando normalmente na vida. Mesmo assim, nesse caso, os pais se sentem culpados. Há de salientar que, embora frutos do mesmo casal, cada filho tem seu jeito próprio de ser.
Há famílias em que os três filhos do casal estão envolvidos com drogas, sem história de consumo de substâncias psicoativas por parte desses pais. Há pais que consomem abusivamente álcool e outras drogas, mas cujos filhos estão fora desse problema. Pelo contrário, são esses filhos que cobram mudanças dos pais e os socorrem nos momentos de crises de intoxicação aguda.
Há pais que consomem drogas na frente dos filhos. Há nessas famílias uma cultura das drogas ilícitas, geralmente maconha. Nesse caso, essa droga é considerada um produto "natural" e não uma droga química. Utiliza-se um discurso de roupagem científica, no sentido de afirmar que a maconha tem componentes medicinais e é utilizada para controle de sintomas de algumas doenças. Quando um filho inicia o uso de uma droga, não provoca alarde, nem a culpa desses pais, pois é uma conduta dentro dos parâmetros da cultura que permeia essas famílias.
Quando referimos à família, a idéia que vem a respeito é platônica, quer dizer, pensamos sempre numa família constituída por pais e seus filhos que convivem num mesmo espaço. Mas na prática não é bem assim. Há filhos que convivem com o pai e a madrasta; filhos que convivem com a mãe e o padrasto; há mães, por exemplo, que têm três filhos, mas cada filho é de um pai diferente com o qual a mãe conviveu por um tempo e agora está grávida do quarto companheiro. A prática clínica mostra que a dependência de drogas tem uma enorme variação nas famílias. A dependência de drogas pode ocorrer na filha ou no filho mais velho, no do meio, no mais novo; no filho de pais separados ou na filha ou no filho adotado.
É evidente que há pais, e não são poucos, preocupados com o desenvolvimento interior dos filhos. Há filhos que são bem criados em valores éticos, morais e religiosos e que até certa idade tinham um discurso contrário às drogas, mas que entre os 22 e 25 anos tornaram-se usuários de drogas. Há pais que são tomados de surpresa ao descobrirem que o filho ou filha está consumindo droga, embora, até a descoberta, nada de diferente foi observado no seu comportamento ou no seu relacionamento. Há pais que poucos ligam para os filhos, e estes, por incrível que pareçam, mantêm-se distantes das drogas.
De modo geral, os pais, mesmo aqueles que são consumidores de álcool ou outras drogas, não querem ter um filho ou uma filha dependente de drogas. O discurso, quando existe, é sempre no sentido de alertar sobre o problema.
Assim, há uma variação também no modo dos pais educarem os filhos. Pais que são mais rígidos quanto a determinados valores, normas, horários, etc. Pais mais flexíveis; pais permissivos; pais psicologicamente ausentes e mães neuroticamente presentes. Quase sempre a esposa é responsabilizada pelo cônjuge quando o filho ou filha apresenta problema com drogas. Essa cobrança é proporcionalmente maior quando o pai é psicologicamente ausente. Num mecanismo de atuação o pai absolve-se, nega sua omissão, justificando que delegou e confiou exclusivamente à mãe a missão de educar o filho.
Apesar das múltiplas possibilidades de escolhas que a sociedade ocidental apresenta para o indivíduo, a convivência com os familiares de origem, com os quais passamos boa parte da vida, está fora dessas possibilidades. Pais não escolhem seus filhos, e estes não escolhem seus pais. Os pais podem receber bem ou podem receber mal os filhos que geram. Os filhos também não têm escolha, pois terão que aprender a conviver com os pais. Se o ambiente social pode ser considerado um teste de múltiplas escolhas, o nascer numa família é um teste de apenas duas alternativas. A vida em família é um aprendizado contínuo que envolve a natureza do pai, a da mãe, a natureza de cada filho herdada dos pais e o ambiente ou estilo de criação dado pelos pais.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Texto 2 - Pedagogia da Geografia

O CASAMENTO DA GEOGRAFIA TRADICIONAL COM A EDUCAÇÃO TRADICIONAL

Colocado o papel do ensino de Geografia no mundo atual e o contexto alienante em que a Educação está inserida, é necessário pensarmos no rompimento desse processo de alienação. A Geografia, mesmo dentro desse contexto, não pode e não deve permitir que os alunos saiam da escola reproduzindo um sistema que os sufoca.
É sabido que durante muito tempo o ensino de Geografia caracterizou-se por ser um ensino tradicional – fundamentado na Educação Tradicional – de uma Geografia Tradicional – ambos fundamentados no método positivista analítico dedutivo-indutivo.
Mas não há como negar que os pressupostos positivistas estão impregnados na escola tradicional, pois algumas práticas pedagógicas e teorias educacionais estão alicerçadas nesses pressupostos.
O objetivo da escola tradicional é a transmissão de conhecimento, ou seja, uma preocupação conteudista. Desta forma, o aluno é visto como um agente passivo, cabendo a ele decorar e memorizar o conjunto de conhecimentos significativos da cultura da humanidade previamente selecionados e transmitidos pelo professor em aulas expositivas. O mundo é uma externalidade ao aluno, ou seja, não é dada a ele a possibilidade de sua inserção no processo histórico.
Como não considera o processo histórico, a Educação Tradicional é extremamente estática e fragmentada.
A Geografia positivista reduz a realidade ao mundo dos sentidos. “Assim, para o positivismo os estudos devem restringir-se aos aspectos visíveis do real, mensuráveis, palpáveis. (...) A descrição, a enumeração e classificação dos fatos referentes ao espaço são momentos de sua apreensão”.
Essa postura tomada pela Geografia obedecia a lógica do contexto sociopolítico e econômico do momento em que foi institucionalizada no século XIX.
Podemos perguntar se esse atrelamento da Geografia ao modo de produção capitalista pode ser estendido para o século XXI? Acredito que sim.
Para o Estado, a Geografia tinha uma função ideológica claramente definida, ou seja, criar uma ideologia patriótica e nacionalista, conforme aponta Lacoste (1977).

sábado, 4 de abril de 2009

O que é democracia ?

Democracia (do grego demos, "povo", e kratos, "autoridade") Segundo o dicionário Aurélio:
”1- Governo do povo; soberania popular; democratismo.
2- Doutrina ou regime político baseado nos princípios da soberania popular e da distribuição eqüitativa do poder.” “É o governo do povo, para o povo, pelo povo”. “Governo do povo” quer dizer governo com um sentido popular; “para o povo” significa que o objetivo é o bem do povo; “pelo povo” quer dizer realizado pelo próprio povo. Na democracia é o povo quem toma as decisões políticas importantes (direta ou indiretamente por meio de representantes eleitos). A Democracia surgiu na Grécia onde o governo era realmente exercido pelo povo, que fazia reuniões em praça pública para tratar de vários assuntos e problemas, era a chamada Democracia Direta. Neste tipo de democracia, as decisões são tomadas em assembléias públicas. Com o crescimento das populações, as reuniões em praça pública ficaram impossíveis de acontecer, surgiu, então um novo tipo de Democracia, a Democracia Representativa, onde o povo se reúne e escolhe – por meio do voto - os representantes que irão tomar decisões em seu nome. Este é o processo mais comum de tomada de decisão nos governos democráticos, também chamado de mandato político. A democracia se opõe à ditadura e ao totalitarismo e reúne princípios e práticas que protegem a liberdade do ser-humano. Em seu livro “Política”, o filósofo Aristóteles analisou vários sistemas de governo, chamou de injusta a democracia (demokratia) e de justa a República (politeia). A demokratia de Aristóteles se aproxima mais da democracia direta e a politeia da democracia representativaAlguns fundadores dos EUA usaram os termos “Democracia” e “República” de forma similar a usada por Aristóteles. “República” era usada para designar a democracia representativa, que na opinião deles era a única capaz de proteger os direitos dos cidadãos, já o termo “democracia” era usado para designar a democracia direta que para eles era sinônimo de tirania e injustiça. Muitos cientistas políticos usam o termo “democracia” para caracterizar um governo que atua em favor do povo (direto ou representativo), enquanto que “Republica”, seria o sistema político onde o chefe de estado é eleito por um determinado período de tempo.Os comunistas costumam dizer que as democracias não são democráticas, pois para eles, a classe dominante é que exerce o poder. Na opinião deles, o povo é manipulado pela mídia, que faz com que a classe trabalhadora seja influenciada na hora de votar.Os comunistas acreditam que, somente em um regime socialista é que haveria uma verdadeira democracia.Não é possível contabilizar quantas democracias existem no mundo, mas estima-se que existam mais de 120.
ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DE UMA DEMOCRACIA- Liberdade individual- igualdade perante a lei sem distinção de sexo, raça ou credo- direito ao voto- educação- direito ao livre exercício de qualquer trabalho ou profissão. É preciso cultivar a chamada “consciência política” em todos os cidadãos, não só nos dias de eleição, nem na época da campanha eleitoral. A medida em que o povo for adquirindo essa consciência política, nosso regime democrático vai melhorando.

terça-feira, 24 de março de 2009

Texto 1 - A Pedagogia da Geografia

A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE GEOGRAFIA

Ensinar Geografia nos dias atuais requer dos professores a formulação de questões centrais, tais como: para que se ensina Geografia? Por que aprender Geografia?
Alguns autores acreditam que o ensino de Geografia seja fundamental para que as novas gerações possam acompanhar e compreender as transformações do mundo, dando à disciplina geográfica um status que antes não possuía.
A Geografia, necessariamente, deve proporcionar a construção de conceitos que possibilitem ao aluno compreender o seu presente e pensar o futuro com responsabilidade, ou ainda, preocupar-se com o futuro através do inconformismo com o presente.
Compreender a realidade significa pensar criticamente sobre ela. Geografia escolar pode também ser um instrumento de transformação, desde que se livre dos seus parâmetros tradicionais de pontos geográficos, rios, picos.
Callai (1998) aponta três motivos para se ensinar Geografia no sentido de compreender o mundo como totalidade. Assim, o primeiro motivo trata de conhecer mundo e obter informações a seu respeito. O segundo motivo é conhecer o espaço produzido pelo homem, as causas que deram origem às formas na relação entre sociedade e natureza. Por fim, o objetivo maior de ensinar Geografia é fornecer ao aluno condições para que seja realmente construída a cidadania.
Os argumentos sobre a importância ou o papel do ensino de Geografia nas escolas não podem ficar descolados do objetivo maior da Educação. De fato, não compete exclusivamente a essa disciplina o papel transformador da sociedade.
O que temos nesse silenciamento da voz da Educação é o impedimento de ações horizontalizadas, ou seja, ações pensadas e praticadas pelos professores, funcionários da Educação, alunos e comunidade. Temos, desta forma, apenas ações verticalizadas, isto é, engendradas por burocratas e altos funcionários dos poderes administrativos. O espaço escolar, nesse sentido, é repressivo e suas ações ultrapassam o limite de seus muros. Para Lefebvre (1977), a ação pedagógica corresponde e serve para reforçar a divisão do trabalho na sociedade burguesa capitalista.
Nesse sentido, acreditamos que é possível pensar na liberdade da Educação em relação ao capitalismo.
Contraditoriamente, a missão cultural do neoliberalismo, ou seja, o discurso único, nos dá as condições necessárias para a busca dessa “segunda consciência”, uma vez que cria – ideologicamente – o sentimento de impossibilidade de transformação.
O papel da Educação e, dentro dessa, o do ensino de Geografia é trazer à tona as condições necessárias para a evidenciação das contradições da sociedade a partir do espaço, para que no seu entendimento e esclarecimento possa surgir um inconformismo e, a partir daí, uma outra possibilidade para a condição da existência humana.