sábado, 9 de maio de 2009

Texto 3 - Pedagogia da Geografia

GEOGRAFIA CRÍTICA E CONSTRUTIVISMO:
UM CASAMENTO “SEM FESTA”.

Nos anos 60 e durante todos os anos 70, os geógrafos mostravam-se bastante insatisfeitos com o método analítico – dedutivo utilizado nos seus trabalhos e na compreensão do mundo. Mas por que essa insatisfação?
Devemos procurar resposta na realidade daquele momento, pois a mudança de visão de mundo não se dá do indivíduo para o mundo, mas do mundo para o indivíduo. “Em verdade, não é a nossa visão de mundo que mudou; o que mudou foi o próprio mundo”. A angústia dos geógrafos e dos professores de Geografia estava nesse ponto, ou seja, esses viam o mundo se transformando e, ao mesmo tempo, não conseguiam alcançá-lo com o referencial teórico – metodológico ao qual a disciplina estava presa – o positivismo.
A necessidade de uma explicação que considerasse a totalidade mundo e a transformação da sociedade fez com que a Geografia buscasse no método materialismo histórico as suas fundamentações, pois este foi o método que permitiu que se utilizasse de ferramentas metodológicas como a periodização para a explicação da realidade.
Para Hobsbawm (1998), no materialismo histórico o ponto de partida para a análise de uma sociedade, em qualquer momento de seu desenvolvimento histórico, deve ser o modo de produção, ou seja, a forma técnico – econômica do metabolismo entre o homem e a natureza, o modo pelo qual o homem se adapta à natureza e a transforma pelo trabalho. O pesquisador deve, também, incorporar em sua análise os arranjos sociais pelos quais o trabalho é mobilizado, destruído e aloucado.
A utilização do modo de produção, conforme aponta Gomes (2000), surgiu para a Geografia como o conceito que possibilitou afastar de vez o método positivista analítico – dedutivo, afastando, também, toda carga de neutralidade científica que ele carregava.
O centro de preocupação da Geografia Crítica passa a ser as relações entre a sociedade, o trabalho e a natureza na produção do espaço, exigindo, dessa forma, a negação dos velhos pressupostos da Geografia Tradicional.
O ensino de Geografia encontrava, finalmente, com a maturidade metodológica da disciplina, as bases para a sua negação e transformação. Para Versentini (1992a: 22), a Geografia Crítica ou radical aparece.
Sob a luz da Geografia Crítica é possível que realmente se possa desenvolver um ensino que favoreça o entendimento real e concreto da ação humana através da relação espaço-tempo – e de suas múltiplas relações e determinações, procurando compreender o movimento da sociedade sobre o espaço ao longo do tempo, o que poderá ocorrer através de uma visão de totalidade, e não fragmentada, descritiva e superficial da sociedade.
Para que os ideais da Geografia Crítica tenham sucesso na escola, precisamos romper com a estaticidade, a fragmentação e a neutralidade da Educação Tradicional. O aluno precisa ser inserido na Educação não como uma “tábua rasa” ou como um elemento que simplesmente reage a estímulos vindos de fora.
O referencial teórico-metodológico do professor é extremamente importante, pois é ele que vai conduzir toda a sua prática pedagógica. Se o seu referencial for positivista, como poderá romper com a prática tradicional?
A Geografia Crítica e o Construtivismo não estão ultrapassados. Na verdade, poucas foram as suas experiências reais, o que nos permite dizer que ainda tem muito a fazer e a desvendar. Historicamente, as condições para o casamento da Geografia Crítica com o Construtivismo já foram dadas. O que ainda não aconteceu foi a sua festa. Esse é o nosso desafio.

Um comentário:

  1. Ofereço ao presente blog o Prêmio Blog Dorado.
    Para pegar a logo da rede e postar nesse blog, no meu é fácil encontrar as regras e a logo. Parabéns e Felicidades,
    Prof. Kauê Martins.

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