domingo, 12 de julho de 2009

O que faz de uma cidade uma cidade

Definir é uma coisa que nada tem de muito simples, pois exige um razoável, às vezes, até mesmo um elevado(dependendo da complexidade daquilo que se deve definir)poder de abastração.
As definições cientificas, normalmente, se referem a fenômenos bastante ou até mesmo extremamente gerais. A cidade é um objeto muito complexo e, por isso mesmo, muito difícil de se definir. A literatura a respeito do assunto “cidades”e, consequentemente, também as discussões sobre o conceito de cidade, aumentaram exponencialmente no decorrer do século XX.
O jeito, então, é advertir o leitor para o fato, inevitável, de que o que se pode fazer, aqui, é meramente, uma aproximação, com forte dose de generalização embutida. Para o sociólogo Max Weber, em um escrito seminal sobre a natureza das cidades, publicado originalmente em 1921, a cidade é, primordial e essencial, um local de mercado”. Já Christaller deu uma contribuição importante, introduzindo o conceito de localidade central . Toda cidade é, do ponto de vista geoeconômico, isto é, das atividades econômicas vistas de uma perspectiva espacial, uma localidade central, de nível maior ou menor de acordo com sua centralidade. A aldeia diversamente não è uma localidade central. A natureza de uma aldeia, ou do povoado, é mais “centrifuga”, para usar um termo de Christaller, porque as atenções de seus moradores estão voltados, para suas bordas(onde começam os campos de cultivo), do que centrípeta” como ocorre coma cidade, onde a área central de negócios, ou seu embrião, atrai os consumidores de toso tecido urbano, fazendo que as atenções dos citadinos se voltem para o centro doassentamento, e não para as franjas.
A cidade é, sob o ângulo do uso do solo, ou de atividades econômicas que as caracterizam, um espaço de produção não agrícola e de comércio e oferecimento de serviços. Nas bordas da cidade, é comum existir uma “faixa de transição” entre o uso da terra tipicamente rural e o urbano . Essa faixa de transição é chamada, entre os geógrafos anglo-saxões, de franja rural-urbana, e entre os franceses, comumente, de espaço periurbano.
A “lógica” rural é da terra enquanto terra de trabalho para a agricultura e a pecuária; o solo aqui, tem valor não apenas devido a localização do terreno, mas um valor intríseco, devido às diferenças de fertilidade natural. Já a “lógica urbana” é a do solo enquanto um simples suporte para atividades que independem de seus atributos de fertilidade.
Além de tudo isso, a cidade é, igualmente, um centro de gestão do território, por sediar as empresas. Porém, nem tudo se resume a economia! A cultura desempenha um papel crucial na produção do espaço urbano e na projeção da importância de uma cidade para fora de seus limites físicos, assim como o poder.
Cada pais adota os seus próprios critérios oficiais para estabelecer o que é um cidade, ou, mais amplamente, um núcleo tido como propriamente urbano.
Na verdade, a diversificação das atividades econômicas das cidades não dependem só do seu tamanho demográfico, do seu número de habitantes. Ela ocorrem, também, muito em função da renda das pessoas que lá moram, além de outros fatores histórico-culturais. E por fim, a centralidade, e, por conta disso, o status do núcleo como centro de gestão do território, terá igualmente, não só a ver com a quantidade de habitantes, mas também, com a renda dos habitantes e outros fatores.
Costuma-se pensar em uma cidade como entidade isolada e fortemente individual: a cidade x (uma cidade qualquer, hipotética) foi fundada em algum momento, há alguns ou muitos séculos, cresceu e sofisticou –se. Uma aglomeração urbana se forma quando duas ou mais cidades passam a atuar como um “minissitema urbano” em escala local, ou seja, seus vínculos se tornam muitíssimo fortes, no sentido acima exposto .
Se uma das cidades que formam uma aglomeração urbana crescer demais, apresentado-se como uma cidade grande e com uma de influência econômica, pelo menos regional, então não se está mais diante de uma simples aglomeração, mas de uma metrópole. Uma metrópole é também, por conseguintes, em escala local, polarizado, esse sistema, por uma cidade principal, que abriga o núcleo metropolitano.
No Brasil, foram criadas, na década de 70, nove regiões metropolitanas . Não resta dúvidas de que se tratava de reconhecer, formalmente,a existência de metrópoles de fato. É evidente, assim, que a criação e a gestão dessas primeiras regiões metropolitanas se deram sob a égide do centralismo e do autoritarismo. Uma megalópole é, também uma espécie de “sistema urbano” fortemente integrado, inclusive por fluxos de deslocamento diário de passageiros na base de transportes coletivos de massa. Só que, diferentemente das metrópoles, as megalópoles não são, do ponto de vista físico, entidades locais; elas se espraiam por áreas muito maiores, em escala regional ou, pelo menos, sub regional. De fato, megalópoles são formados por duas ou mais metrópoles, que se acham “costuradas”, por fluxos de modo semelhantes como cada metrópole individual se acha articulada internamente.
Por último, o termo “megacidades” fez suas aparições há alguns anos, popularizados a partir do ambiente anglo-saxão(megacites). O fato é aquilo que se chama de “megacidade” são, no fundo metrópoles. Talvez para chama mais atenção do grande público, tomando um termo de uso tão comum(cidade) e acrescentado-lhe um prefixo capaz de emprestar-lhe força dramática (mega).
Contribuição: Conteúdo fichado de obras de Roberto Lobato Corrêa.

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