quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Geografia x Mundo

A atual crise econômica e social que atinge toda a humanidade, com maior ou menor intensidade em cada nação, implica não só num certo esgotamento das formas tradicionais de apreensão do real, na medida em que estas não satisfazem na busca de soluções para o problemas, como também numa nova busca, teórico metodológica, que venham à açambarcar a complexidade crescente das relações sociais.

Dentro deste cenário surge a importância do espaço, pois, de um certo modo, o seu estudo apresenta um caráter unificador, dos vários campos da ciência, o que é saudável frente à contínua divisão do saber, que crie o mundo dos mudos e surdos, cada qual não compreendendo o que o outro diz, dificultando ainda mais a busca de soluções que devem ter caráter global e não parcelar.

Mas, se a nível teórico, o grande desafio está em apresentar soluções em escalas mais amplas que aquelas decorrentes pelo atual estágio da evolução teórica-metodológica da ciência em geral; a nível concreto, tal desafio corresponde aos impasses ocorridos a partir da universalização do caráter comercial das coisas, o capital torna mercadoria a casa, a roupa, a comida, a educação e o próprio espaço. O espaço passando a ter valor, torna-se mais raro e conseqüentemente motivo de luta e disputa. O espaço deixa de ter aquela aparência inerte, para ter profunda importância na própria reprodução dos mecanismos que o tornam mercadoria. A evolução do modo de produção capitalista gerou condições que tornam a produção do espaço como um elemento intrínseco à própria dinâmica da reprodução do capital.

Uma forma de perceber esta nova condição do espaço, se dá pela evolução do setor imobiliário, este setor vem nos últimos tempos apresentando significativa importância pois o produto com o qual trabalha, o terreno, adquire um maior valor em relação aos outros utensílios necessários, não só para a reprodução da força de trabalho ( em relação à escola, a roupa, comida e lazer ), como na própria reprodução do capital ( o lugar central, tendo cada fração do capital um lugar próprio; sendo condição sine qua non para a própria vida da empresa ).

Vejo que as condições capitalistas tornaram certas mercadorias mais populares, como o carro, a calça jeans e assim por diante, que estão dentro da própria dinâmica do aumento da decomposição orgânica do capital que visa a manutenção da taxa de lucro média, mas por outro devemos dar ao espaço tratamento diferente, isso porque seu caráter seletivo se acentuou, tornando os setores econômicos que atuam com esse objetivo mais importantes que antes. Essa acentuação, no entanto, ao contrário da produção de certas mercadorias, tem como conteúdo o caráter não só econômico, mas também político e ideológico. O espaço ao se tornar mais raro, adquire um maior caráter político e ideológico por ainda ser uma condição essencial à qualquer atividade humana. Nós podemos abrir mão de um automóvel ou de uma calça jeans, mas do espaço

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