sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Sociedade e Religião I = Globalização e Pluralismo Religioso

Em tempos de globalização, neoliberalismo, mundialização, modernidade e pós-modernidade, as rotinas da vida cotidiana constituem um desafio para a religião. Este novo momento histórico desafia as formas religiosas diversificadas.
A religião, como um dos elementos centrais do campo simbólico da sociedade, não escapa a essa dinâmica cultural em que a sociedade está envolvida, na qual o heterogêneo e o diverso contrapõem-se ao monolítico e ao homogêneo; o concreto, específico e particular ao abstrato, geral e universal.
Nessa nova sociedade, a religião também muda, ela se desterritorializa, depende das forças mercantis da oferta e da procura; ela passa a ser orientada a adaptar-se a situações inusitadas e a novas demandas. Reage às suas concorrentes lançando mão da propaganda e dos meios eletrônicos de comunicação, simplificando sua linguagem em função de um limitado número de "produtos" religiosos.
Uma das coisas mais surpreendentes nessa nova dinâmica da religião é a facilidade que qualquer um tem de mudar de uma para outra sem problemas de consciência e de constrangimento. Estamos na era da religião do mercado sem fronteiras; ela se espalha e se fragmenta, não se sabe mais de onde veio; refaz-se a cada demanda; avança nos espaços e lança-se no mercado. A religião explode, se pluraliza, e por isso se sujeita à lei da concorrência; como mercadoria, é vendida a um conjunto de “clientes” que não se sentem mais obrigados a consumí-la.
Somos um país onde novas religiões e filosofias de vida despontam, transformando o Brasil num país mais tolerante e cada vez mais desenraizado em matéria religiosa e em termos culturais. Nunca as religiões foram tão livres para se instituírem, para concorrerem entre si e se multiplicarem. Vive-se uma livre concorrência entre os mais diversos tipos de organização religiosa (igrejas, seitas, cultos, centros, terreiros, ordens, denominações, comunidades, casas, redes, movimentos), as quais dialogam criticamente com a religião católica, ainda hegemônica no país.
O pluralismo religioso possibilita que o mercado concorrencial seja abastecido com uma variedade de ofertas religiosas (terapia corporal, mental e afetiva; cultos de reposição de energia; crença no poder dos cristais e de tantas outras formas de espiritualidades ou de manipulação de forças e energias), onde o melhor produto é aquele que cada adepto elege e consome como tal.
A pluralização é o rótulo de um tipo de sociedade que possibilitou os limites do desejo de escolha e de liberdade de preferências. No Brasil, aproximadamente um quarto da população adulta já teve a experiência do sentido da conversão e da adesão a uma outra religião, diferente daquela que herdou de seus pais.
A religião passa a interessar somente no sentido de seu alcance individual; aos poucos ela vai se reterritorializando na esfera do indivíduo e deste para a dinâmica das relações de consumo, vendo-se obrigada, agora, a ser regulada pelas regras do mercado.
A sociedade passa a recorrer à religião apenas festivamente, tendo em vista o aparecimento de formas religiosas que se apresentam como espetáculo. Aquela religião que era fonte de transcendência perdeu seu sentido; um outro tipo de religião que está preocupada com causas localizadas, reparos específicos, portanto, adquire expressão e relevância nos tempos atuais